APODERAMENTO E MUDANÇA SOCIAL: algumas considerações sobre a psicologia sócio-histórica
A inserção do psicólogo em novos espaços é uma demanda crescente no Brasil, principalmente no que diz respeito ao trabalho relacionado às problemáticas sociais onde o profissional se vê diante do cotidiano da população tendo como desafio orientar sua prática em torno das questões trazidas pelas pessoas da comunidade. (Freitas, 1998 p.2).
Precisamos salientar que a prática do psicólogo na comunidade muitas vezes está orientada pelos valores pessoais do profissional assim como de sua visão de homem e de mundo, levando-o a intervir de forma diretiva, alterando a realidade daquela população sem se permitir entrar em contato com a diferença do outro, que se apoderem com suas questões e seus desejos. O psicólogo inserido na comunidade deve ser orientado pelas necessidades e demandas levantadas pela população, concedendo a estas pessoas o direito de manifestar sua identidade.
A inserção do psicólogo na comunidade deve proporcionar que as pessoas que ali habitam se tornem participantes ativos e capazes de avaliar sua realidade e determinar quais as mudanças julgam como sendo necessárias naquele contexto. Toda proposta de intervenção em comunidades deve ser elaborada em conjunto com a população, levando-a a se posicionar diante de sua realidade. A tomada de posição a que nos referimos não é simplesmente a de tomar consciência dos problemas existentes na comunidade, mas acima de tudo deve haver um entendimento do papel a ser desempenhado por cada um dentro daquele contexto, de forma a produzir as transformações necessárias.
O objetivo da psicologia sócio-histórica é trabalhar a visão que a população da comunidade tem a respeito de si e do mundo que a cerca, colaborando com o desenvolvimento de uma consciência crítica ao mesmo tempo em que possibilita que essas pessoas se tornem potentes e capazes de lutar por seus direitos e de viabilizar as mudanças em seu contexto social. (Freitas, 1998 p.6).
A psicologia sócio-histórica é um poderoso instrumento na construção de comunidades mais conscientes, mais participativas e emancipadas do ponto de vista social. Sua pratica diferencia-se radicalmente de outras propostas assistencialistas, pois busca uma inserção na comunidade com o objetivo de produzir entre a população uma análise de suas necessidades que culmine no estabelecimento de alternativas de ação capazes de levar as pessoas a enfrentaram seus problemas cotidianos e de construírem uma identidade mais humana.
É extremamente importante a inserção de psicólogos sociais que desenvolvam projetos cujo objetivo seja o de contribuir para a produção de conhecimento conjunto entre os membros da comunidade, com o desenvolvimento de suas potencialidades, possibilitando que a população se apodere das suas questões sendo capazes de desenvolver ações capazes de produzir transformação em sua realidade social.